A Decisão de Trump sobre o Café Brasileiro: Uma Tempestade em Xícara de Geopolítica
- MKT FG

- há 24 minutos
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A semana trouxe uma notícia que, à primeira vista, poderia ser comemorada pelo setor cafeeiro brasileiro. Os Estados Unidos anunciaram a redução das tarifas de importação para cerca de 200 produtos – incluindo o café. No entanto, essa mudança revelou-se uma faca de dois gumes para o Brasil. A alíquota aplicada ao café brasileiro caiu de 50% para 40%, mas, em contrapartida, grandes concorrentes como Colômbia e Vietnã tiveram suas tarifas zeradas.
A Decisão: Alívio ou Alerta?
A medida anunciada em 14 de novembro de 2025 faz parte de uma tentativa dos EUA de reorganizar seu fluxo de importações, mas causou frustração entre os exportadores brasileiros. Para muitos analistas e profissionais do setor, a redução para 40% não representa uma vitória. Muito pelo contrário, amplia a desvantagem competitiva do Brasil em um mercado que, historicamente, sempre foi estratégico.
Como destacou Marcos Matos, diretor-geral do CECAFÉ, à reportagem do G1:
“Melhorou para os nossos concorrentes e piorou para o Brasil.”
Matos enfatiza que países concorrentes já contavam com acordos bilaterais vantajosos ou tarifas mais brandas. Assim, manter uma taxa elevada para o Brasil significa manter o café brasileiro fora do jogo.
Impacto Direto nas Exportações
Segundo dados levantados pelo CECAFÉ, entre agosto e outubro – durante a vigência da tarifa de 50% –, as importações americanas de café brasileiro caíram 51,5% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Isso é especialmente preocupante considerando que os Estados Unidos representam cerca de 16% de todo o café exportado pelo Brasil. Trata-se, portanto, de um cliente-chave que está sendo perdido para os concorrentes. Para Márcio Ferreira, presidente da instituição, a taxa de 40% ainda é proibitiva:
“[A taxa de] 40%, se ficar, continua proibitiva e não muda nada. O Brasil continua totalmente fora do jogo.”
Um Espaço Difícil de Recuperar
A grande preocupação é com a irreversibilidade dessa perda de espaço. Como alerta Matos:
“Nós perdemos espaço e os nossos concorrentes assumiram. E isso pode ser e tende a ser irreversível.”
A cada semana sem uma negociação mais justa, o café colombiano, vietnamita e de outras origens ganha força e confiança nos principais canais de distribuição norte-americanos, deixando o Brasil à margem de um mercado bilionário.
Conclusão
A redução tarifária anunciada pelos EUA é uma medida que, na prática, beneficiou mais os concorrentes do que o Brasil. O café brasileiro segue enfrentando uma barreira comercial significativa que afeta diretamente a competitividade e a sustentabilidade das exportações.
Enquanto não houver uma reavaliação que permita o acesso em pé de igualdade aos mercados norte-americanos, o setor cafeeiro brasileiro corre o risco de perder espaço de forma permanente — em um dos momentos mais críticos da geopolítica do agronegócio global.



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